No começo da década de 90, a Etergran, empresa que eu
trabalhava na época, foi executar a obra do Carrefour La Plata na Argentina e a
parte da exportação do piso dessa estória eu já contei aqui no blog (http://inglesdopiso.blogspot.com.br/2016/08/estoria-de-uma-historia-1-exportacao.html),
vamos agora contar a parte humana da história.
Como o piso da Etergran não chegou em boas condições na obra,
foi comprado um piso marmorizado da Bossi, uma empresa de Buenos Aires, e a
Etergran ficou com a parte da mão de obra de aplicação, aí que começa esta
estória.
Os primeiros funcionários que chegaram entraram pela
fronteira argentina apenas com a carteira de identidade o que dá apenas o
direito de turismo, para trabalhar é necessário passaporte com visto de
trabalho no consulado, e foi necessário todo um trabalho da construtora para a
legalização do pessoal no país atrasando ainda mais o início.
A Argentina vinha de uma grande crise com o plano Austral, a
construção civil ficou paralisada por um longo período, a obra do Carrefour era
uma das poucas na Argentina e a chegada de brasileiros para a obra chamou muito
a atenção.
Quando os brasileiros começaram a trabalhar e viram que a
produção era muito grande, pois trabalhavam muito depois do expediente e até
virando a noite para compensar o atraso da obra, chamou a atenção do sindicato
local.
Nossa legislação na época era diferente, o alojamento era
com colchões no chão, não tinha bebedouro, beliche, armários e etc. como manda
a legislação atual.
Nosso salário na época era muito menor que o dos argentinos
que ganhavam em dólar.
Com a grande repercussão, a maior emissora de TV Argentina fez uma matéria bem sensacionalista
em seu jornal com o título “Escravos Brasileiros” onde mostraram os salários, as
condições do alojamento e o pessoal trabalhando no período noturno fazendo
dobra.
O que para nós brasileiros era absolutamente normal, pois as
obras eram feitas dessa forma por aqui, para os argentinos era um absurdo.
O sindicato local além de obrigar a construtora a melhorar
as condições do alojamento, proibiu as horas extras e mandou equiparar o
salário com os argentinos em dólar, além de uma bonificação semanal.
No final da obra os ¨escravos brasileiros¨ voltaram com a
mala cheia de dólar, mas isto é a terceira parte da resenha que em breve contarei.
Um segredinho, faziam horas extras escondidos para que o prazo
fosse cumprido.
A dedicação e empenho dos operários da construção civil
brasileira é diferenciado, por isso executamos obras em diversos países com
sucesso, estes homens são merecedores de reconhecimento e elogios.
Boas Obras!!!
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